terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os testículos do Milo – Milo's Balls


Que mote fantástico para a “rentrée” deste blog, aparentemente abandonado pela autora, eu mesma. Aparentemente fica sempre bem porque dá aquele ar de um qualquer motivo maior e justificativo para um tal silêncio. Não existe. Não existe um motivo maior. Acontece que às vezes escrever sobre coisas banais, como por exemplo sanitários, tem uma carga emocional elevada para mim. É verdade sanitários. É então que me apetece fugir do escrever, fugir das palavras, fugir. Como se fugir de escrever ou das palavras modificasse o que de emocional intrinsecamente existe em mim. Esta é uma boa e profunda justificação, parece-me. Mas a ausência de "posts" pode apenas significar uma inércia displicente. Uma inércia igual à que me levou a estar mais de um mês com um verniz cor de rosa nas unhas dos pés e sem cortar as unhas. Mais um pouco e chegavam-me aos calcanhares. Já estiveram mais longe. Coisa útil pois assim à medida que me deslocava fazia massagens aos pés, que segundo dizem é muito bom. Mas não se assustem que acabei de levar a cabo essa tarefa. Talvez no inverno longe dos olhares reprovadores dos transeuntes e demais pessoas eu venha a testar o método de massagem pelo órgão córneo. 

Ah mas eu ia escrever sobre os testículos do Milo. Deixo então o órgão córneo para outra altura!

Reparem como o título fica bem melhor em Inglês. Por certo este Blog escrito em Inglês pareceria uma obra ímpar da literatura contemporânea. Ímpar como se o ímpar fosse melhor que o par!

Mas passemos ao que interessa. 

O Milo e a Mia (os meus gatos) estão quase a fazer 6 meses. E que tem isso de tão especial? É a altura em que os devo esterilizar. Coisa que desde cedo me consome. Mutilar os bichos...baaaa. Decidi apenas esterilizar o Milo. Não é uma coisa feminista, sexista ou um outro “ista” qualquer. Apenas o procedimento é mais simples e mais barato no caso dos machos. A ideia de mandar retirar os tomates ao Milo anda a atormentar-me à meses. Mutilar o meu bichano. Privá-lo da sua masculinidade. Tornar o bicho mole e gordalhufo... Socorro. Voltas à cabeça e lembrei-me da castração química. Uma pesquisa na Internet levou-me a perceber que esse método não seria possível. Mas depois lembrei-me da vasectomia. Porque não? Ótima ideia!!!!!

Telefonei ao veterinário de modo a poder marcar a esterilização do Milo. Obviamente falei-lhe da minha preferência pela vasectomia. Pois que aparentemente em 30 anos de profissão do homem nunca ninguém lhe tinha proposto tal coisa. Fantástico! Gosto de ser a primeira. Ideias ímpares. Ímpar. Não tenho eu tantas vezes sido ímpar? E tantas outras desejado ser par? Ser comum. Ser igual...O veterinário ficou de fazer uma pesquisa sobre o assunto e eu fiquei de lhe telefonar para a semana para saber se é possível ou não.

Quando desliguei o telefone sorri. Caramba em 30 anos nunca ninguém lhe tinha proposto este procedimento! Ímpar. E foi exatamente no momento em que este espanto me cruzava o cérebro, que, vindo na direção oposta, se me apresentou a recordação das ligas protetoras dos animais. Ambos colidiram. O choque!

Então nunca houve nenhuma liga protetora dos animais que se opusesse à mutilação dos órgãos genitais felinos? Como é que é possível?! Nunca um movimento. Nunca um pedido no facebook em “causes”? Nunca uma petição? Quantos milhões de felinos se viram já desprovidos do seu órgão e do seu instinto e nada. Nem uma moça. Luta pelos touros, pelos patos obrigados a enfardar que nem uns loucos para se obter o “foie gras”, as peles, os iscos para crocodilos, os animais de laboratório e tudo e tudo e nada pelos órgãos genitais dos felinos. Nada pelos tomates. Nada pelos testículos. Nada pelo colhão felino. Nada. É triste. É triste que o colhão felino desperte tão pouco interesse. O colhão. Essa fonte de vida caramba. Fonte de vida felina. Fonte de vida e virilidade. Fonte de variabilidade genética. Os colhões. Desprezados como se de um qualquer objeto se tratasse...Inadmissível.