segunda-feira, 8 de julho de 2013

Still Life After Drugs!

O dia de amanhã será um dia importante para mim. 

Terá um V de vitória. 

Mas um V enorme que por muito que gostasse de partilhar aqui, não encontro palavras para o descrever. 

Ou talvez nem me apeteça escrever sobre o dia de amanhã, porque é um dia só meu...porque uma doença mental é à partida uma doença solitária. 
Sim. 
Doença Mental. 
Uma Depressão Profunda. 
Sem medos nem rodeios. 
Com todas as letras. 
Há muito que quero escrever assim. 
Com a denominação certa. 
Branco no Preto. 
Mas escrever branco no preto não é fácil...e depois tanto há para dizer. Tantas perspetivas e tantos ensinamentos me tem apetecido aqui partilhar. Talvez um dia encontre as palavras que vão do branco ao preto, nas suas várias tonalidades e aqui as exponha.

Agora fica apenas, porque me apercebi no exato momento em que escrevia as palavras que formam este post e porque na minha cabeça me faz muito sentido:

Uma doença mental é à partida uma doença solitária...


quarta-feira, 19 de junho de 2013

Isto de uma pessoa ser Carneiro é do C****

Isto de uma pessoa ser Carneiro é do Caneco e do Camandro e do Ca…ra…lho.

Não falo em carneiro de signo nem em Carneiro de ter muita lã.

Sou Aquário de signo e depilei-me há pouco tempo!

Ora (e não Hora) cheguei eu ao aeroporto de Frankfurt, que também se pode aparentemente dizer Francoforte (parece que em Português é mesmo assim que se diz), e dirigi-me para a saída. Cansada e com as letras pequenas a dizer Ausgang/Exit decidi seguir o rebanho. Seguir rebanhos não é uma boa política, mas todos sabemos que às vezes funciona e é mesmo relaxante. Não temos de pensar…

Bom, como eu ia a dizer (e fiz parágrafo de propósito para o pessoal parar um pouco no “Não temos de pensar…” Porquê? Não sei, mas pareceu-me bem.), mas antes reparem ainda no parêntesis que começa com letra pequena, tem uma questão e termina num ponto final, diria que é um parêntesis interessante.

Mas como ia a dizer, segui o rebanho em direção à saída.

Paragem para verificação de passaportes.

Vou para a fila dos cidadãos com passaportes da União Europeia. Não anda. Passo para a outra ao lado dos “todos os passaportes”. Aguardo pacientemente a minha vez, enquanto o meu cérebro vagueava por parte incerta. Chegada a minha vez mostro o Cartão do Cidadão. O guarda pede-me o Cartão de Embarque. Achei estranho, mas não muito. Mostro o cartão de embarque. Responde-me:
- Não é este. Este é o velho. O outro.
Olho e era aquele…fiquei confusa e disse-lhe:
- Mas eu quero sair?!
Ao que me responde:
- Mas isso não é aqui!

Olho para ele de novo confusa e acho que com a boca aberta. Olho para o lado esquerdo e vejo as placas a dizer Ausgang/Exit para esse lado. E respondo:

- Ahhh it’s true! (questiono-me se o "ahhh" também deveria estar em itálico!)

E um grande sorriso desenhasse-me na cara e nela fica por algum tempo.

Pronto era isto…mas não só!

Não resisto a contar um episódio que se passou imediatamente a seguir. Um ou dois. Que só um não basta.
 
Apanhei um táxi para o Hotel, que fica junto ao aeroporto de Francoforte (sim uma pessoa de vez em quando tem estas reuniões bem junto do aeroporto…é para não se desfocar!), e o tipo ia-me batendo!!!! Chateadíssimo por ter estado 2-3h na fila e eu ir para um local mesmo ali ao lado. Continuou dizendo que havia autocarros para o Hotel (e eu sabia lá????!!!). Basicamente voou até ao Hotel e eu temi pela minha vida.


Chegada ao Hotel coloquei a mala no quarto e desci porque tinha-me esquecido de trazer uma maçã de um cesto que estava na receção para a malta se servir (tinha pensado fazê-lo quando estava a registar-me). Encontro o colega Israelita a sair do elevador no andar do meu quarto (e que tinha vindo no mesmo avião que eu) espantado por eu já cá estar. Claro. Ele apanhou o dito autocarro. Assim à pressa expliquei-lhe que tinha vindo de Táxi. Na verdade disse mais ou menos isto:
- Vim de táxi. O tipo queria matar-me. Vou buscar uma maçã. Até logo.

E apanhei o elevador para baixo.

Voltei pouco tempo depois ao quarto, não com uma, mas com duas maçãs. Já que são de graça a malta tem de aproveitar. Tinha acabado de dar a primeira dentada, quando toca o telefone…estranho pensei:

“Quem me estará a telefonar? Será que me esqueci de qualquer coisa na receção? Será que precisam de mais algum dado meu? Será engano?” (incrível a quantidade de coisas que uma pessoa consegue pensar com um ou dois toques de telefone).

Quem era? O colega Israelita! A dizer:
-Estou aqui em baixo na receção. O que disseste que vinhas fazer?
E eu respondi:
- Eu disse que ia buscar uma maçã!
Ele:
- Mas quem te queria matar?
Eu:
- Ahhh era o gajo do Táxi!
Ele:
- Ah OK. Bom então acho que nos vemos amanhã.
Eu:
- Sim. Até amanhã.
 
Acho isto de uma beleza estonteante…tenho de confessar. Adoro estes episódios da vida de uma pessoa.

O meu colega Israelita (que tem cerca de 70 anos) queria salvar-me de um taxista furioso, que já tinha ido embora, e quiçá, de uma maçã! Ou será que queria comer uma maçã comigo?
 

E isto é a vida…da ALI.

 PS - Já comi as maçãs. Tenho agora ali uma salsicha enfiada numa sande, que trouxe do avião. Não tinha fome. Comi imenso no aeroporto de Estocolmo a pensar que não me iam dar morfes na viagem para aqui...Que mais posso desejar? 2 maçãs e uma sande de salsicha, num quarto de hotel junto ao aeroporto. 34 ºC sem ar condicionado. Janela aberta a ouvir o som maravilhoso dos carros lá fora e dos aviões...é bom viver!  


 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O preço da liberdade


A manhã era a de junho.
Um final de junho soalheiro e agitado.
Agitado...
O junho ou eu?
Uma agitação constante.
Tão constante que lhe tinha deixado de dar conta.
Tão constante que se confundia com o mês, os dias, as horas e os segundos...
Todos eles agitados pela minha agitação.

Nessa manhã acordei assim...como o junho.
Agitada.
Talvez mesmo chateada.
Talvez mesmo zangada.
Talvez mesmo com raiva.
Agitada.
Chateada.
Zangada.
Com raiva.
Sem paz.
Porquê?
Entregue à rotina.
À minha rotina interior.
Uma rotina manipuladora.
Uma rotina condicionadora...

Naquela manhã agitada de finais de junho peguei no carro.
Como em muitas manhãs.
Com o mesmo objetivo.
Com o mesmo trajeto.
Com o mesmo destino.
Se é que o destino é igual em todos os dias.
Ou em todos os dias igual.

Naquela manhã agitada de finais de junho subi a Rua da Rosa.
Numa aparente calma, como só as manhãs nos podem dar.
Uma calma meio adormecida, ou uma calma meio acordada.
Na verdade uma meia calma.
Uma meia calma como só a calma aparente o pode ser.

À esquerda na rua São Pedro de Alcântara, uma camioneta de caixa aberta parada no meio da via.
Um obstáculo portanto.
A calma foi.
A agitação chegou.
E com  ela a chateação, a zanga e a raiva.
Tão fáceis de destapar...
Menos mal que podíamos todos passar.
Aguardei a minha vez.
Impaciente.
Vociferando dentro do meu Ford KA.

A minha vez chegada o espelho retrovisor lateral direito toca na camioneta.
Não haveria crise.
Marcha a trás, um pouco mais de espaço...
Não haveria crise não fosse o pensamento que me trespassou o cérebro no exato momento a seguir ao toque do retrovisor lateral direito na traseira da camioneta de caixa aberta...
E que pensamento foi este?

Solicito um momento de silêncio. Mais um...
Um silêncio que deve também ser ausente de respiração.
Um silêncio absoluto e sem ruidos respiratórios.
Chamo a atenção para este momento.
Chamo a atenção para este momento, pois este momento encerra um pensamento que presumo raro na vida dos comuns mortais.
Menos raro na minha.
Embora igualinho a este não me lembre de ter tido mais nenhum.

Naquele momento, em vez de reorientar o Ford KA, pensei:

“Estou-me a cagar!”

Respirem.

Respirem e fechem a boca.

Tão simplesmente e só isto. “Estou-me a cagar!”.
Um “Estou-me a cagar!” tão cheio de liberdade e desprendimento, que ainda agora quando escrevo estas palavras me impressiona e me eleva.
Me eleva e me liberta.
Me espanta.
Me espanta a minha capacidade de liberdade e desprendimento daqueles dias...

“Estou-me a cagar!”
Prego a fundo.
Tão a fundo como o risco que o gancho da traseira da camioneta de caixa aberta que bloqueava a via fez no meu Ford KA.
A minha via porra!
Tão a fundo que me arrancou a cobertura de plástico da fechadura e me fez um buraco na lateral de trás do carro.
O meu carro Porra.
Também desta vez não parei para ver o tamanho do meu estrago.
O carro comprado tão só e somente com o resultado do suor do meu trabalho.
O Ford KA.
3 meses apenas.
A cara de espanto do fulano que ia a entrar para a dita camioneta é impossível descrever aqui...

Fodi o carro todo.
Perdoem-me o palavrão aqui todo escarrapachado.
Mas teve de ser.
Qualquer coisa menor seria diminuir o tamanho da minha loucura.

Ainda bem que não sou milionária. Não imagino até onde a minha liberdade me levaria!

Naquela manhã agitada de junho de 1998...Estou-me a cagar!
E cagar é sempre um alívio...mesmo quando implica dor.


sexta-feira, 29 de março de 2013

Aconteceu!


Aconteceu-me no outro dia.
Sim, que nos outros dias também me acontecem coisas.
Aconteceu-me sair do ginásio a horas tardias.
A horas tardias e sem pressas, porque afinal ninguém me havia a esperar.
Uma liberdade desmesurada.

No parque do ginásio um carro solitário à minha espera.
O único.
Dei por mim a pensar que era incrível que não me assustasse um parque assim.
Assim...
Sem viva alma.
Vazio.
Silencioso.
Espaço eleito em muitos filmes e livros como o local perfeito de muitos crimes.
Não tive medo.
Estranha a minha ausência...
Estranha a minha ausência de medo.
Quase me assustou não ter medo.
Medo de não ter medo.
Um sentimento interessante...

Entre estes e outros pensamentos menos detetáveis abri o porta-bagagens do carro.
O carro que era afinal o meu.
Entrei.
Não pelo porta-bagagens, mas pela porta do condutor.
Por esta altura o mais provável é que tivesse deixado de pensar no medo e pensasse agora em coisas mais mundanas e básicas como “ainda bem que o jantar é só aquecer, que estou cheia de fome!”.
Arranquei.
Na memória o parque vazio.
Vazio de gentes.
Vazio de viaturas.
Talvez tenha sido este o pensamento que me traiu...
O vazio do parque.
O parque vazio.
Dei à ignição.
Torci o volante todo para a esquerda.
Arranquei a toda a velocidade.
No vazio do parque fui espantada, talvez mesmo acordada, por um estrondo.
Parei de imediato.
Tinha esbarrado contra o poste que se encontrava junto ao carro do lado direito.
Com toda a força.
Que pouca força não é coisa para mim.
F****-se!
O parque estava vazio.
Vazio não! Tinha postes de cimento.
Nem saí para olhar o tamanho do meu estrago.
Tive medo.
Um medo verdadeiro.
O medo verdadeiro da minha ausência, do meu esquecimento...
O vazio não estava vazio.
Mas ficou a sensação do vazio no meu ser.
Impregnado e assustador.
Como se ausência e vazio fossem iguais e a mesma coisa.
Como se esquecimento e vazio fossem iguais e a mesma coisa.
Mas talvez o vazio, a ausência e o esquecimento sejam também eles enganadores...e nestes e entre estes possam existir alguns postes de cimento.
Um cimento bem duro.
Um cimento com o qual esbarramos e nos faz acordar.
Sem ausência. Nem esquecimento.
Sem vazio. Nem frio.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Incertezas


Ocorreu-me um “pensamento questão” no outro dia, que considero algo perturbador/ fantástico e por isso me apeteceu imortalizá-lo aqui neste meu espaço…

 “Se consigo viver com a incerteza da hora da minha morte, sem angústias, nem lamentos, nem receios ou devaneios, porque vivo eu tão mal outras incertezas da minha vida que são tão menores em dimensão e impacto?”

O Milo perdeu os Tomates!

Não vinha escrever sobre os testículos do Milo (que para quem não sabe é o meu gato!), mas fui como que impelida a isso. Ficava como que um vazio entre um e outro post...

E de vazios gosto eu bastante de falar. Não por acaso já aqui abordei o vazio de uma folha branca...agora o vazio deixado pela castração do meu bichano. Pois que é verdade. Teve de ser. Sei tudo neste momento sobre os ditos cujos do Milo, vulgus colhões. Não vou porém falar de colhões...não porque não me despertem assunto, mas sim porque é 1h da manhã em terras de nuestros hermanos e na verdade nem vinha aqui falar de tomates, nem colhões, nem nada que se pareça. Se bem que cerca de 250 milhões de espermatozoides/ejaculação daria conversa para mangas...

Resumindo e concluindo: O Milo perdeu os tomates e a primeira coisa que farei quando voltar a terras lusas é esterilizar a Mia! Sim. Acabaram-se as preocupações pelos órgãos genitais felinos. Um mês de Cio de uma gata é algo que tira a sensibilidade a uma pessoa. Gemidos a toda a hora e mijas pela casa (sim as gatas também mijam fora do penico quando estão esvairadas à procura de satisfação sexual...!) chega! Sou oficialmente um ser humano insensível e contra a presença de órgãos genitais felinos. Lá em casa só eunucos! Tenho dito. E quem fala assim não tem tomates.

Bom mas isto não tem por ai além interesse e encerro aqui este post. A não ser para aquelas desvairadas da associação não sei das quantas de proteção dos animais...