quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vasectomia


A minha procura por um Veterinário que me faça Vasectomia ao meu Macho tem sido interessante...e não apenas porque me tenho sentido  alienígena na minha escolha!

Tenho ficado estupefacta com as vantagens ou justificações que me dão para castrar o meu gato e esterilizar a minha gata. Passo a citar a que mais me inquieta:

  1. Está provado por vários estudos que a castração nos gatos leva a que estes tenham menos cancros nos testículos.
  2. Está provado por vários estudos que a esterilização das gatas, isto é remoção do útero e ovários, leva a que estas desenvolvam menos cancros do útero.

Faz sentido.
Muito sentido até.
Tanto sentido que até fico estonteada.
Diria mesmo que a probabilidade de ter cancro nos testículos ou no útero é zero!

Não vejo no entanto qual a necessidade de se terem feito estudos...é que se eu não tiver cérebro, obviamente que não corro o risco de ter cancro no cérebro. Em 3 milésimos de segundo consegui chegar a essa conclusão! Sou muita inteligente pá. Vou ali beijar-me na boca só por este momento de clarividência.

Conselho da ALI:
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro no pulmão? Retira o pulmão.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro do útero? Retira o útero.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro fígado? Retira o fígado.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro no escroto? Retira o escroto.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro no duodeno? Retira o duodeno.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro nos ossos? Retira os ossos.
Queres reduzir a probabilidade de ter cancro nos entrefolhos do cu? Retira os entrefolhos. É melhor manteres o cú. Just in case.
Se tens medo de cancro nestes sítios todos e mais uns quantos, aconselho uma lobotomia, que é mais eficiente e menos dolorosa.

Veterinários e afins do meu País e além fronteiras, por favor usem o cérebro...

Por hoje é tudo. Ainda não consegui quem me fizesse a vasectomia ao Milo. Mas estamos a progredir. Nunca pensei que este assunto desse para tanto...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os testículos do Milo – Milo's Balls


Que mote fantástico para a “rentrée” deste blog, aparentemente abandonado pela autora, eu mesma. Aparentemente fica sempre bem porque dá aquele ar de um qualquer motivo maior e justificativo para um tal silêncio. Não existe. Não existe um motivo maior. Acontece que às vezes escrever sobre coisas banais, como por exemplo sanitários, tem uma carga emocional elevada para mim. É verdade sanitários. É então que me apetece fugir do escrever, fugir das palavras, fugir. Como se fugir de escrever ou das palavras modificasse o que de emocional intrinsecamente existe em mim. Esta é uma boa e profunda justificação, parece-me. Mas a ausência de "posts" pode apenas significar uma inércia displicente. Uma inércia igual à que me levou a estar mais de um mês com um verniz cor de rosa nas unhas dos pés e sem cortar as unhas. Mais um pouco e chegavam-me aos calcanhares. Já estiveram mais longe. Coisa útil pois assim à medida que me deslocava fazia massagens aos pés, que segundo dizem é muito bom. Mas não se assustem que acabei de levar a cabo essa tarefa. Talvez no inverno longe dos olhares reprovadores dos transeuntes e demais pessoas eu venha a testar o método de massagem pelo órgão córneo. 

Ah mas eu ia escrever sobre os testículos do Milo. Deixo então o órgão córneo para outra altura!

Reparem como o título fica bem melhor em Inglês. Por certo este Blog escrito em Inglês pareceria uma obra ímpar da literatura contemporânea. Ímpar como se o ímpar fosse melhor que o par!

Mas passemos ao que interessa. 

O Milo e a Mia (os meus gatos) estão quase a fazer 6 meses. E que tem isso de tão especial? É a altura em que os devo esterilizar. Coisa que desde cedo me consome. Mutilar os bichos...baaaa. Decidi apenas esterilizar o Milo. Não é uma coisa feminista, sexista ou um outro “ista” qualquer. Apenas o procedimento é mais simples e mais barato no caso dos machos. A ideia de mandar retirar os tomates ao Milo anda a atormentar-me à meses. Mutilar o meu bichano. Privá-lo da sua masculinidade. Tornar o bicho mole e gordalhufo... Socorro. Voltas à cabeça e lembrei-me da castração química. Uma pesquisa na Internet levou-me a perceber que esse método não seria possível. Mas depois lembrei-me da vasectomia. Porque não? Ótima ideia!!!!!

Telefonei ao veterinário de modo a poder marcar a esterilização do Milo. Obviamente falei-lhe da minha preferência pela vasectomia. Pois que aparentemente em 30 anos de profissão do homem nunca ninguém lhe tinha proposto tal coisa. Fantástico! Gosto de ser a primeira. Ideias ímpares. Ímpar. Não tenho eu tantas vezes sido ímpar? E tantas outras desejado ser par? Ser comum. Ser igual...O veterinário ficou de fazer uma pesquisa sobre o assunto e eu fiquei de lhe telefonar para a semana para saber se é possível ou não.

Quando desliguei o telefone sorri. Caramba em 30 anos nunca ninguém lhe tinha proposto este procedimento! Ímpar. E foi exatamente no momento em que este espanto me cruzava o cérebro, que, vindo na direção oposta, se me apresentou a recordação das ligas protetoras dos animais. Ambos colidiram. O choque!

Então nunca houve nenhuma liga protetora dos animais que se opusesse à mutilação dos órgãos genitais felinos? Como é que é possível?! Nunca um movimento. Nunca um pedido no facebook em “causes”? Nunca uma petição? Quantos milhões de felinos se viram já desprovidos do seu órgão e do seu instinto e nada. Nem uma moça. Luta pelos touros, pelos patos obrigados a enfardar que nem uns loucos para se obter o “foie gras”, as peles, os iscos para crocodilos, os animais de laboratório e tudo e tudo e nada pelos órgãos genitais dos felinos. Nada pelos tomates. Nada pelos testículos. Nada pelo colhão felino. Nada. É triste. É triste que o colhão felino desperte tão pouco interesse. O colhão. Essa fonte de vida caramba. Fonte de vida felina. Fonte de vida e virilidade. Fonte de variabilidade genética. Os colhões. Desprezados como se de um qualquer objeto se tratasse...Inadmissível.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Opiniões e galos de Barcelos


As opiniões cansam-me.
Hoje sinto-me mesmo exausta de tanta opinião.
É verdade.

Não as opiniões sobre ideias e factos, mas aquelas sobre pessoas e comportamentos. Sobre a cor das unhas, a saia, o cabelo ou o raio que o parta. Sobre o que se deve ou não fazer. Sobre as repercurções e afins. Farta do deves fazer assim, li que o melhor era..., quando isso acontece é porque...se ele te disse isso significa que..., se não disse significa que..., ouvi dizer que quando o bébé dá um peido significa que..., se não significa que..., mas também pode significar que...

Mas alguém pediu a opinião???

É bom quando chego acasa e tenho dois felinos que não emitem opiniões. Aliás estou em crer que em todo o mundo animal e vegetal o Homem é o único dotado da carateristica opinativa. Quero ser um galo de Barcelos. Porquê? Não sei. Mas ficava bem com o título deste post.

Será mesmo importante a opinião que se vai dizer? Se não o melhor é estar-se calado e conversar sobre outras coisas. Há tanta coisa interessante para falar e descobrir neste mundo imenso. Mundo de pensadores e descobridores, de escritores e músicos, de artistas e desconhecidos...de...

Liberdade de ser sem ouvir a toda a hora o que os outros pensam sobre...

domingo, 10 de junho de 2012

Curtas I – A Educadora do Povo


Irritam-me muitas coisas.
Especialmente de manhã...
Não deveria ser ao contrário?
De manhã estar relaxada e “a cagar” para o que me rodeia.
Não costuma ser assim, ou pelo menos não costumava ser.
Atiro as culpas para as minhas noites mal dormidas.
Para o ping pong corporal na cama e os minutos e as horas a passarem sem que os olhos se fechassem num sono pacífico e apasiaguador.

Assim me encontrava no dia em que vesti a pele de “a educadora do povo”!
Saí aqui de Alcântara em direção a Oeiras.
Fui por dentro para apanhar a Marginal e virei ali junto ao Hospital Egas Moniz.
O sinal verde para mim.
Viro à esquerda...
E então que aconteceu!!!!
Uma mulher e uma criança a atravessar na passadeira em minha frente.
Pensei para os meus botões que anormal a atravessar a passadeira com uma criança com o vermelho!!! Que exemplo que estava a dar. Espera aí que já te mostro o perigo, pensei eu. Pensei eu ALI a educadora do povo!!! Assim, acelarei a fundo numa de pregar um susto, obviamente que não ia atropelar ninguém, e aproximei-me perigosamente da mulher e da criança, que basicamente dão um salto enorme, quase voando mesmo, para o outro lado da estrada. E a mulher grita-me:
- Está verde sua estúpida!

Ahhhh...pequeno pormenor que não me tinha passado pela cabeça! Estava verde para os peões. Ups...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sanitários

Sou apaixonada por sanitários, em especial pelos públicos. Um verdadeiro fascínio que exercem sobre mim.
 
Assim me confesso.

Por um lado porque uma pessoa ao longo da vida passa muito tempo nestes locais. Quantas ideias, pensamentos, decisões, contemplações e lembranças têm origem enquanto se espera que o objetivo que aí nos levou seja descarregado?

Por outro lado porque existe uma variabilidade de utensílios, automatismos e arte sanitária que neles se podem encontrar.

E ainda…

Quantos filhos não terão já sido gerados nestes locais? Quanto prazer e desprazer terá tido lugar em sanitários?

Informados sobre a razão do meu fascínio pelos sanitários, dedico-me a alguns aspetos.

As sanitas.
As sanitas até aos meus 27 anos pouco estímulo provocaram. Até esta altura a minha ideia sobre sanitas era minimalista e redutora: achava que todas as sanitas eram iguais!

Em Portugal as sanitas resumiam-se a 2 tipos. Aquelas em que o material defecado ia diretamente para o buraco do esgoto e aquelas cujo buraco era rente ao chão. Estas últimas eram um desespero para mim. Mal as visualizava, mesmo que tivesse uma dor na bexiga de tão cheia, o xixi teimava em não sair, aumentando assim o meu tempo nesses locais deploráveis. Aquilo implicava alguma perícia e tinha sempre o medo de me salpicar. O terror. Se bem que à primeira vista seria a mais adequada às mulheres.

Foi com a minha ida para Berlim em 1997 que este material sanitário despertou a minha atenção. Ora no meu apartamento em Berlim a minha sanita tinha como que um patamar atrás e acima do buraco da sanita. Assim uma pessoa tinha oportunidade de observar o material defecado: textura, cor, dureza e presença de germes como por exemplo, lombrigas. Muito útil. Até se podem fazer estudos científicos ao longo da vida sobre o material defecado. Fascinante!

Já em 1998 quando tive a oportunidade de visitar os EUA, por ocasião de um congresso fui de novo surpreendida por um outro tipo de sanita. Aqui a sanita estava cheia de água. O terror. O medo do salpico daquela água que sabe-se lá que germes tinha. Também neste caso temos oportunidade de fazer um estudo observacional do material defecado uma vez que este fica a boiar na água. Se bem que neste caso, penso que a observação não é tão fidedigna porque o material encontra-se adulterado pelo contato/dissolução na água.

Aqui no Lago Como em Itália a plataforma é à frente. Questionei-me acerca da utilidade do patamar à frente e cheguei à conclusão que neste caso serve para um estudo observacional da urina. Menos interessante, uma vez que apenas é possível observar as tonalidades da mesma e, no caso dos homens, a não ser que se queiram salpicar todos, não tem utilidade, a não ser claro como engolidor de cocó.
Anseio por ir ao Japão. Quantas páginas não poderia eu escrever sobre a sanita?! Ou não, porque ali o mais provável é que vença a esterilidade.

Mas, como vos disse, o meu fascínio por sanitários não se resume a sanitas. Atualmente o que mais me fascina são os automatismos. Ora os automatismos nos sanitários foram criados e aplicados nas casas de banho com vários objetivos, dois dos quais me surgem de imediato: maior poupança (água e eletricidade) e maior higiene (não necessitamos de tocar em superfícies sabe-se lá tocadas por que mãos imundas) e os outros não estou a ver quais são, mas ficava bem a frase assim escrita. Não tenho nada contra automatismos…esperem!

Não tenho nada contra automatismos?! Como pude escrever tal heresia? Não fosse ser uma pessoa respeitadora dos espaços públicos, quantos eu já não teria partido à pesada!

Então comecemos pelos autoclismos de libertação de água automáticos. Em certos sítios uma pessoa faz basicamente uma dança a ver se se ativam e…? Nada! Para a frente, para trás. Várias vezes. Senta (ou finge que), levanta e…Nada. Nem uma gota. Uma pessoa vê-se obrigada a deixar vergonhosamente o presente exposto para o cliente seguinte. Antes de sair reza uma oração, não ao presente, mas para que não esteja uma pessoa à porta para entrar. Por outro lado outros há em que uma pessoa abre a porta - descarrega, aproximamos-nos - descarrega, movimento sentar - descarrega (sente-se aquele ar fresquinho no rabo e às vezes desgostosamente uns pingos de água), levantar – descarrega, a sair – descarrega. Não é fácil porra! Pergunto-me se este sistema permite poupar realmente água!

Há depois a luz automática.
Também ela proporciona momentos de rara beleza! Tanto adeus e dança que se faz à sua custa, valha-me nosso Senhor, Ámen. Acenamos com uma mão, acenamos com as duas, pulamos, para a esquerda, para a direita, para a frente e para trás. Quantas vezes sem sucesso nos vemos obrigados a libertar águas ou sólidos na completa escuridão ou de porta entreaberta, privados da privacidade. Outras ainda a mesma se desliga a meio do serviço e, em vão, se tenta reativar o sistema. Em ambos os casos somos obrigados a fazer/acabar o serviço às escuras e, de novo, rezar, mas desta vez para que o cú tenha ficado suficientemente limpo. Entretanto devido à elevada disseminação destes automatismos, aconteceu-me hoje no local da minha reunião, em que tudo era automático, estar aos pulos na casa de banho e acenar para que a luz se ligasse e, devido ao insucesso, ter sido obrigada a trocar de casa de banho (felizmente haviam duas) e só nessa altura me ter apercebido que naquele edifício a luz era acionada por um simples interruptor. Não é fácil. Mas é fascinante e não fosse ser um atentado à privacidade eu propunha que se colocassem câmaras nestes locais. Seria por certo uma fonte de embelezamento de certos programas televisivos.

Mas os sistemas automáticos não ficam por aqui. Temos as torneiras automáticas!!!!!! Ontem tive uma experiência com uma destas. Coloquei as mãos por baixo. Ativou, caiu água. OK. Sabonete nas mãos. Esfrega-se as mãos. Parte seguinte enxaguar. Coloquei as mão por baixo. Nada. Para a frente e para trás. Nada. Mais para cima. Nada. Mais para baixo. Nada. Mais devagar. Nada. Mais depressa. Nada. Em círculos. Nada. Só uma mão. Nada. As duas. Nada. Espera um momento. Volta a tentar nada. Estava a olhar para as mãos cheias de sabonete quando uma senhora entra. Olho para ela com ar desesperado e digo-lhe que não funciona. A senhora faz algumas tentativas. Nada. Mais uma e…água cai da torneira e eu num movimento rápido que até a mim me impressionou, coloquei as mãos por baixo da torneira e enxaguei-as ao mesmo tempo que um suspiro de alívio se libertava dos meus lábios. Estava a ver que tinha de ir de mãos estendidas suplicar ao empregado para enxaguar as mãos no lava-loiças…

Portanto tenho aqui a dizer que os automatismos sanitários despertam em mim ao mesmo tempo fascínio e ódio. Para além de umas valentes pesadas também me dá vontade de arrancar umas quantas torneiras e autoclismos à dentada.

Mas o que mais me fascina mesmo é a arte sanitária. Tanto a escrita, como a desenhada. Da desenhada não tenho muito a dizer, pois na maioria das vezes tem a forma de um falo. Se bem que a forma de um falo nos sanitários pode por si só ser bastante variável. Como na Natureza aliás. O que acho fantástico são as mensagens de ódio e amor nas casas de banho públicas. Mais as de amor que as de ódio. Porque pensando bem até pode ser um local apropriado para descrever, descarregar ódios. Descrever ódios enquanto se defeca parece fazer todo o sentido. Agora mensagens de amor?! Amo-te Francisco com um coração. Anastácia+Anacleto. Telefones. Porquê numa porta ou parede de uma casa de banho pública? Se forem mensagens de amor homossexual ainda vá que não vá, pois há probabilidade de o ente amado as poder ver. Agora as de amor heterossexual??? Qual a probabilidade da mensagem chegar ao ser amado? Escrever uma declração de amor num sanitário público… imundo e mal cheiroso.

Imagino o amor belo, suave e saboroso.
Imagino o odor do amor a deixar-me ébria e cega.
Imagino que ao inspirar o amor me eleve…
Me eleve e consiga tocar as estrelas de uma outra galáxia.
Me eleve e me proporcione a liberdade absoluta.
Imagino.
O.
Amor.
O amor a seguir a sanitários…
Como se em vez de uma folha branca de uma porta de casa de banho se tratasse.

domingo, 29 de abril de 2012

O famoso "Episódio do Trem De Cozinha e da Minha Tese de Doutoramento”

Afinal o vazio de uma folha branca tinha tudo a ver com um episódio da minha vida! Como pude não relacioná-lo??? Nem parece meu...uma oportunidade perdida.

Uma oportunidade perdida e uma oportunidade colhida. A oportunidade de preencher mais uma página em branco.

Pois sim que hoje é o dia de preencher o vazio não de uma, mas de várias folhas em branco com o tão aguardado “Episódio do Trem De Cozinha e da Minha Tese de Doutoramento”.

“O Episódio do Trem De Cozinha e da Minha Tese de Doutoramento” tem todo o aspeto de uma história para crianças. Parece quase “A História da Branca de Neve e os Sete Anões”. Não estão a ver porquê? Não? A sério? Nenhuma semelhança? A sério? Como é que é possível? Pois eu também não. Estava era com esperança de sair alguma ideia aí desse lado. Era sem dúvida fantástico conseguir um paralelismo entre “O Episódio” e “A História”. Tornava a coisa de uma certa forma mais intelectual. Mais uma oportunidade perdida!!!

Mais uma perdida e mais uma colhida...qual? É que este episódio fez-me lembrar o meu sobrinho. O meu sobrinho quando era pequenino gostava que eu lhe contasse histórias ao adormecer (assim como as minhas sobrinhas). Nunca fui muito de lhes ler um livro. Inventava as histórias. Dão o mote e eu que me desenrasque. Ora o André costumava pedir-me histórias do tipo: Titi conta-me aquela história do comboio que tinha medo de ir à escola ou Titi conta-me a história do camião que não queria comer sopa. E por aí fora. O irreal das histórias que lhe contava lembram-me o irreal real do “Episódio do Trem De Cozinha e da Minha Tese de Doutoramento”.

Paralelismo feito, vamos ao que interessa. O Episódio. A escrita de uma tese de Doutoramento é um evento tempestuoso na vida de uma pessoa. Talvez não de todas, mas acredito que da maioria. Acho que qualquer tese o é. Mas a de Doutoramento pela sua grandeza e porque implica o resumir de quatro anos de esforço intenso tem uma dimensão acrescida. Quatro anos de alegrias e frustrações. De bom resultados e maus resultados. De tudo ou nada. Obviamente há meios e médios e assins assins nestes 4 anos, mas disso o pessoal (neste caso o pessoal sou eu! Gosto de usar o pessoal, nós e plurais afins...não sei porquê, mas é provável que dê um Post um dia destes, agora é melhor não me desfocar – singular – não sei se notaram. Também tinha funcionado é melhor não nos desfocarmos – plural, seria mais inclusivo. E talvez tu te sentisses mais dentro do Episódio e do Post. Em termos de inclusão acho que o “Tu” ganha. Estou a tentar escrever um parêntesis maior do que aquele do outro dia, já não me lembro de que Post.) tende a esquecer-se e já vos disse que tenho esta atração pelos extremos, os opostos, as antíteses e os antípodas (de onde saiu um grande amor). A atração de quem está junto ao abismo... Pufff. Parágrafo complexo e cansativo. Quantos terão desistido aqui?

Invariavelmente chega-se ao fim e parece que se tem muito pouco.

Introduzido o episódio vamos lá então a ele. Sentiste a proximidade e inclusão?

Estávamos num dia de Outono e este fazia parte de um dos cerca de 180 dias que levei a escrever a tese. A página estava particularmente branca. Um branco mais branco que o costume. Um daqueles brancos muito brancos, desesperantes e hipnotizantes. Um branco tão branco que era capaz de cegar. Não saía palavra. As teclas do computador pareciam desfocar-se em frente aos meus olhos.

Foi assim toda a manhã. Eu e a página em branco. Uma luta angustiosa e até àquela altura por mim perdida.

Após o almoço voltei de novo para o gabinete. Na altura chamávamos-lhe “A Solitária” e era o local para onde éramos atirados voluntariamente no momento da escrita da tese. Local onde nos tornávamos peritos em preencher o vazio de folhas em branco. Assim, após o almoço voltei à solitária. Sentei-me em frente ao computador com um chocolate Kit Kat, na esperança que me desse mais inspiração e capacidade de preencher a folha em branco que em frente se abria com uma imensidão assustadora. Senti-me como se estivesse em frente a um deserto e tivesse de plantar tulipas.

Acho que tinha esta esperança todos os dias, uma vez que comia um kit kat por dia (não é por acaso que nas fotografias de defesa da minha tese pareço uma vaca, tal não é o par de mamas que apresento...ou isso ou então o período estava para me vir). Comi o Kit Kat e olhei o branco da folha. Olhei o teclado. O branco da folha. O teclado. O branco da folha. O teclado. O branco da folha. O teclado. O branco da folha. O teclado. O branco da folha. O teclado. Nada. Nicles. O vazio. O vazio assustador e angustiante da folha branca. Foi então que me surgiu uma ideia brilhante. “Olha, já que não estou a produzir nada, vou tratar daquele assunto ao banco!” Que belo pretexto para fugir dali. Maravilhoso. Dirijo-me ao carro. Um suspiro de alívio e uma caricia de ar fresco na cara...

Chego ao banco. Uma fila algo longa. Um escaparate com publicidade. Agarro num folheto distraidamente. Leio-o igualmente distraída. Até que parecia uma boa ideia “Por cada 20€ que gastasse com o cartão VISA ganhava uma peça de um faqueiro.” As peças eram bonitas e ainda por cima era o que eu punha todas as semanas de gasolina no carro. Tudo fazia sentido. Preenchi os meus dados no papelito da publicidade e deixei lá.

Semanas mais tarde vou jantar com a minha prima. Vivi com a minha prima 11 anos, ali para os lados da Rua da Bica, não muito longe do Bairro Alto. Nessa altura a minha correspondência ainda ia para a casa dela. Aí chegada, o meu primo e marido da minha prima, entrega-me um molhinho de cartas. Uma do banco. O extrato do cartão VISA. Abro a carta. Alguns 20€ (já a contar para o faqueiro!!!) e...250€!!! F*** espanto, medo...onde raio gastei tanto dinheiro??? Antes de continuar é preciso que se saiba que eu nessa altura já não tinha bolsa (e não sabia quando ia receber) e que todo o dinheirinho que tinha, 2000€, era alvo de racionamento bem pensado. Não havia cinemas, nem copos, nem jantares, nem pechibeques. Lei marcial aplicada aos tostões de modo a que estes me chegassem até voltar a receber, sem ter de pedir a ninguém. F*** penso de novo. Fiquei de boca aberta a olhar para a carta uns momentos e a tentar lembrar-me de algo que pudesse justificar aquele gasto, sendo a hipótese mais aceitável para a minha cabeça ter sido um engano do banco. No envelope vinha de novo a publicidade que estava no escaparate no dia em que tinha ido ao banco. Olho para a publicidade e...afinal o que tinha feito era preencher uma prova de compra de um trem de cozinha.


UM TREM DE COZINHA. Todo um trem de cozinha.  50 peças.

De novo: UM TREM DE COZINHA.  Todo um trem de cozinha.   50 peças.

E mais uma vez: UM TREM DE COZINHA.  Todo um trem de cozinha.   50 peças.




Respiremos profundamente antes de continuar!

Da-se. Da-se Da-se. (Pena naquela altura este diminutivo de F***-** não poder ser utilizado. É que nesta década descobriu-se que se tirarmos o FO ao F***-** este deixa de ser um palavrão e toda a gente o diz à boca cheia! Giro esta do boca cheia e do Da-se juntos...)

Panelas, frigideiras, tachos. Tudo em duplicado e com diversos tamanhos e formas. F***-** mas o que é que ia fazer àquilo??? Ainda por cima ia para Paris trabalhar! 250€ em panelas. Não queria acreditar. Não vou ao cinema, não janto fora, não...e 250€ EM PANELAAAAAAAAAAS?!?!?!?!?! Mandei uma sms aos meus amigos do género “pessoal comprei um trem de cozinha e não sei como”. Quando a TC me telefonou ri a rir e ri a chorar...se calhar mais a chorar que a rir. Este episódio também demarcou o principio do fim daquele meu relacionamento com o Carlos...na altura telefonei-lhe e mandei a piada “já temos panelas para a nossa casa” (o gajo chateava-me para viver com ele desde que nos tínhamos conhecido, não logo, mas 3 dias depois?!)! Do outro lado um silêncio desconfortante fez-se sentir...e percebi que algo tinha mudado.

No dia a seguir no laboratório foi a emoção e a agitação total. Le delire! The story of the day!!! A TC enquanto eu alucinava tratou do assunto. Telefonou (já o Trem estava pronto a ser levantado não sei onde) e informou-se do que seria possível fazer. Não me recordo bem mas acho que escrevemos para lá a dizer que tinha sido um equivoco ou algo assim. O dinheiro foi-me devolvido e não tive de me ver a braços com 50 panelas, tachos, frigideiras e o raio que ma parta!

O “Episódio do Trem De Cozinha e da Minha Tese de Doutoramento” teve um final feliz...como a “História da Branca de Neve e dos Sete Anões”. Afinal sempre consegui o tal paralelismo.

E separados - o Trem e a ALI- foram felizes para sempre!



sábado, 28 de abril de 2012

O vazio de uma folha branca


Estava por aqui...estou sempre por algum lado. É engraçado. Não sei como consigo! É verdade. Mas continuando estava por aqui a curtir esta tarde chuvosa e o por aqui desta vez é em casa e a pensar: “humm que hei-de fazer? Passar a ferro é urgente. Baaaaaaaa repulsa. Ler o jornal. Mais ou menos. Ver televisão. Não me apetece. Ler um livro. Estou sem capacidade de concentração para tal. Navegar na Internet. Done. E que tal escrever um Post. Boa ideia!!!”
Assim pensado, assim cumprido.

Abre-se o word e começa-se a preencher uma página em branco. Uma página em branco...Engraçado que tantas vezes na vida a página em branco me causou angustia. A angustia de não saber por onde começar. A angustia de não sair bem. A angustia de não conseguir acabar. A angustia do olhar crítico de quem por ela os olhos passar. A angustia...a angustia do vazio que uma página branca representa.

Com os Posts isso não me acontece. Os posts representam a liberdade que o vazio nos pode proporcionar. Ou me pode proporcionar. Não me preocupo com o meio ou o fim, a perfeição ou imperfeição. A finalização ou não. Mais importante para mim aqui é o jogo de palavras, o relatar de momentos que mal ou bem marcaram a minha vida, o espicaçar as mentes, a provocação...sempre gostei de um pouco de provocação, a surpresa, mas sobretudo a liberdade total e absoluta de uma folha branca.

Mas voltando um pouco atrás para falar mais um pouco da liberdade do vazio. Reparem na problemática que me assolava o cérebro num sábado à tarde enquanto a chuva caia certinha lá fora e me fazia sentir protegida cá dentro: passar a ferro?, ler?, ver televisão? Internet?, escrever?. Sem preocupações de tempo. Sem obrigações. Sem compromissos. Sem justificações. Escrevo mais uma página da minha vida sozinha. Tão bom quanto mau, tão pacífico quanto tempestuoso, tão amargo quanto doce, tão livre quanto presa. De novo os opostos...atraem-me como se um abismo presenciasse.

E é isto que o vazio de uma folha em branco pode proporcionar. O vazio torna-se cheio! Engraçado por não ter ficado meio e por de mais um oposto se tratar.

Pensava relatar mais uma peripécia da vida da ALI...mas agora nenhuma parece ligar aqui!
Uma nova folha em branco terei por isso de iniciar...

sábado, 21 de abril de 2012

Post salvo pelo Nelson Évora!

Estava por aqui a preparar a aula de Virologia que vou dar na segunda no ISPA. Não não vou dar Virologia para psicólogos! O ISPA tem um curso de Biologia. Agora que estão esclarecidos e que eu não faço a mínima ideia sobre o que vou escrever...nem o que vem a seguir ao Agora que...que normalmente é suposto ser seguido de uma qualquer informação. Agora que não sei, vou simplesmente dissertar sobre cromos. 

cromo2
nome masculino
1.
gravura a cores, que se coleciona e/ou se cola em caderneta própria

2.
coloquial pessoa que se comporta de uma forma excêntrica ou pouco comum
(De cromolitografia)

Pois que me considero uma croma e por certo estou mais para a 2ª definição. Não pretendo ser colecionada ou colada numa caderneta. Ficam desde já informados. Mas como croma com vertente não croma que sou consegui associar o Nelson Évora, esse belo pedaço de homem com o qual não me importava de trocar alguns microorganismos daqueles inócuos que possuímos aos milhões (belo mas também não para levar com toda a porcaria), a bactéiras e vírus!!! Ain't it fucking incredible?

Fica aqui, que eu não quero que vos falte nada.

Na aula vou mostrar uma mais soft... se bem que com muita pena minha (esta apresentei no curso de formação de formadores em 2008. Foi um sucesso claro!!!!!!)!


Léo sei que me compreendes :))))

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Gatos & Frigidas


J’hallucine!!!
J’hallucine é uma expressão que adoro e que dita em português “Eu alucino”, não tem de modo nenhum o mesmo impacto. 
Portanto: J'hallucine que na minha vida hei-de sempre embater em gente doida. J’hallucine e passo a explicar porquê.

No final da semana passada resolvi que ia adotar dois gatinhos. Primeiro porque adoro gatos e depois porque a casa anda muito vazia e estava a precisar de animação. E dois porque um ficaria sozinho muito tempo e eu não queria isso. 

À primeira vista parecia o sonho mais fácil de concretizar do mundo. Há tanto animal por aí abandonado e a precisar de carinho...uma busca na Internet revelou isso mesmo, vários gatos para adotar e dois exatamente como eu queria. Lindos. Escrevi de imediato para o contato que lá estava, de onde me responderam que ainda estavam disponíveis para adoção. Combinámos para a passada terça o encontro e entrega dos gatos. Fiquei toda contente e corri a comprar os utensílios necessários. Uma cestinha, o mijadouro/cagadouro, comida, areia, recipientes para a comida, utensílio para afiarem as unhas. Tudo preparadinho para os receber. Tudo a correr sobre rodas.

As amigas/colegas entusiasmadas. Os sobrinhos, em especial a sobrinha deliciada com a ideia. Eu toda contente.

Ao ser contatada pela senhora disse-me que normalmente elas gostavam de entregar os gatinhos em casa, para se certificarem que ficavam bem. Tudo bem. É bom que tenham cuidados com quem acolhe os animais e assim também não tinha de me deslocar a casa de desconhecidos sei lá onde. A conversa no entanto começou a deixar-me algo desconfortável...

Chegada a hora. Tocam à porta e quando abro tinha 3 mulheres a entrarem-me pela casa a dentro com os gatitos. Até lhes disse que era um bocado intimidatório. Ao que me responderam que ainda tinham ficado não sei quantas lá em baixo. Da-se! Mas era preciso vir um exército, ou toda a organização não sei das quantas de proteção dos animais?!

Sentaram-se no sofá e pergunta para aqui e para ali e cuidados...e o melhor era por uma rede na janela para ele sentirem o ar da rua e eles fogem muito e assim e assado. Entretanto perguntaram-me se o que tinha acontecido ao gato que eu tinha (tinha-lhes dito que tinha tido um gato), se tinha morrido. Lá lhes expliquei que o tinha deixado em casa dos meus pais porque ele se tinha habituado andar em liberdade e que não tinha tido coragem de o voltar a encerrar num apartamento. Bla, bla, bla...que não o tinha capado bla, bla, bla mas devia fazê-lo, disseram-me elas. Os coitadinhos dos gatos andam sempre em lutas e chegavam esfarrapados a casa e, segundo elas as gatas sofrem muito...

Minhas amigas que se vê que não percebem nada de natureza, daquela verdadeira, não daquela ficcionada nas suas mentes. Os gatos no campo têm os tomates pá e as gatas não são esterelizadas e têm os seus períodos normais de cio. Os gatos lutam sim. Lutam pela posse da fêmea e para que seja o seu esperma o que é entrega e perpétua a espécia. Faz parte de ser gato e ser livre. Têm sexo a torto e a direito e à fartazana e com quanto mais gatas melhor!!! Mais gatas mais possibilidade de passar os seus genes, mais variabilidade e mais hipóteses de perpetuar a espécia. E elas sofrem muito? Porquê? Por terem sexo à fartazana com vários gatos? Com quantos mais gatos fizerem sexo melhor, mais variabilidade genética e mais hipóteses de perpetuar a espécie. Isso sim é natural e é a verdadeira natureza.

Se calhar é o que falta a estas senhoras. Sexo. Sexo do bom e satisfatório. Sexo à fartazana e a torto e a direito. Mas temo que sejam frígidas...

Se nas cidades a quantidade de gatos está fora de controlo porque não existem predadores e porque os donos os abandonam, tornando-se muitas vezes um problema para a saúde pública é outra história e outro problema.

Depois há os animais domésticos, que nós os privamos de muita coisa da sua vida natural, que na verdade nunca a conheceram e que a maioria nem saberia viver sem ser no nosso aconchego. Não conhecem outra realidade e são felizes assim, se bem tratados claro. Se os esterilizamos é porque não queremos uma gata a miar/guinchar na altura do cio e um gato a mijar os cantos à casa nessa mesma altura e para não corrermos o risco da gata emprenhar e nos vermos a braços com uma ninhada de gatinhos que não queremos.  Mais por isto do que por verdadeiro altruísmo animal. Se há coisa que me enerva são as hipocrisias encapuçadas.

Mas continuando com a história da adoção...as ditas senhoras não quiseram logo deixar os gatinhos pois um estava com problemas intestinais e quizeram levá-lo ao veterinário. Disse-lhes que eu podia levar. Mas elas disseram-me que gostavam de se certificar que tudo estava bem. OK, assim não começo logo a gastar dinheiro com po veterinário. 

Quando saíram de minha casa senti-me aliviada. Combinámos que os viriam entregar hoje.

Hoje chego a casa e tinha o seguinte e-mail:
Boa tarde Anabela,

Levei os gatinhos ao veterinário hoje de manhã, eles  estão bem, a veterinária deu uma injeção de anti flamatório para ajudar a desinflamar os intestinos do amarelinho que continua com umas diarreias muito mal cheirosas e receitou um antibiótico para dar durante 7 dias porque já estava com diarreia à demasiado tempo. Vai continuar a ter que comer ração intestinal.
Entretanto nós estivemos a reflectir melhor e achamos que a sua casa é demasiado pequena para dois gatos tão jovens e ativos quanto estes. Nós gostamos muito de si, e sabemos que oferecerá boas condições a qualquer animal que venha a adoptar mas achamos que o mais indicado para si seria um gato já adulto em que já se soubesse desde o inicio o seu temperamento. Uma casa com pouco espaço será mais indicada para um gato calmo e pachorrento sem grande necessidade de gastar energia.
Espero que não fique chateada com a nossa decisão mas gostaríamos de encontrar uma família que possa oferecer um pouco mais de espaço para estes dois gatos traquinas.

Obrigada,

Inês
Resposta:
Compreendo, se bem que fico bastante triste porque gostei bastante dos pequenitos. 
Eu não procuro um gato pachorrento, porque não tem a ver com a minha personalidade. Tenho a certeza que os gatinhos iam ser felizes aqui, mesmo tendo consciência que o espaço não é enorme. Também não quero ter só um gato porque fica sozinho quando estou a trabalhar e triste. Nem quero gatos adultos porque quero ser eu a educá-los e ambientá-los ao meu espaço e modo de vida. 

Muito obrigada de qualquer modo pela vossa disponibilidade.

Anabela


F***-** C***** F****da P**** J'alucine! 
Então mas é preciso ter uma casa com 200 m2, piscina e court de ténis para ter 2 gatinhos? Os pobres já não têm direito a ter animais? 57 m2 e muito carinho não chega??? Precária, sem 13 ou 14 mês, sem reforma e só me é “permitido” ter gatos pachorrentos e chatos??? Epah acho que vou escrever para lá a perguntar se têm dois gatos pernetas, paraplégicos ou deficientes motores. Também aceito com Parkinson ou lobotomias. Ou mesmo embalsamados. Se calhar esses já me é permitido adotar.

As gajas estão no direito de escolherem quem elas quiseram e o casarão que muito bem entenderem para os dois animais. Eu estou no direito de as achar umas anormais. Sim estou ressabiada. Mas depois da tristeza de ter ficado impossibilitada de adotar os dois gatinhos fofos, senti alivio. Imagino que a seguir tinha a cambada de frígidas a toda a hora a inspecionar-me a casa e os bichos. Vá de retro.

Insuportável!
P.S - Hoje vou dormir neste cesto, mijar na caixa e limar as unhas no barrote. Amanhã para o pequeno-almoço uns cereais kitten&junior 1-12 m da IAMS com pré-bióticos e sabor melhorado.



terça-feira, 10 de abril de 2012

ALI anda por aí


Excelentíssimos Senhores e Senhoras leitores(as) deste Blog

Venho por este meio apresentar as minhas mais sinceras desculpas pela minha ausência.

O meu silêncio não significa abandono da criança à nascença. Claro que não. O meu silêncio significa escritas em outras paragens. Mais negras, mais densas e confusas. Um outro género e um outro espaço. Um espaço oposto a este. Um género também diferente. Quem sabe se a seu tempo não o partilharei também por aqui, por ali ou por além... seja onde for será sempre a ALI. 

Branco e Negro. Belo e Feio. Forte e Fraco. Feliz e Infeliz. Ligeiro e Dramático. Gosto dos extremos. São intensos e não mornos...

Não me vou sem antes contar uma pequena história passada em Paris de França, essa bela localidade. Ora eu em Paris tive um dos meus amores mais desequilibrados. Não é dele que vou falar hoje se bem que há uma história passada com este individuo que dava um belo Post. Vou deixá-la para mais tarde.

A história que me proponho a contar hoje não é com ele mas relacionada com ele. 

Após ter terminado a relação traumática que mantinha com o Bastien (assim se chamava o homem), pensei para mim que não tinha jeito para homens. Sim, porque uma das caraterísticas era atribuir-me culpa (reparem que uso o passado! hoje em dia a culpa é toda deles eu sou uma SANTA e perfeita). Por essa altura pareceu-me então que se eu não sabia lidar com homens, o melhor era dedicar-me às mulheres. 

Assim. Sou uma pessoa assim. Decido. Decido e pronto. Tudo racional. É aliás assim que surge a homossexualidade. Um dia uma pessoa decide e pronto. É homossexual. Do mais simples que há. 

Por esses dias em que pensava dedicar-me às mulheres...frequentava um ginásio. Aliás frequentava o ginásio já antes de ter decido dedicar-me às mulheres. Então viajemos para um balneário de um ginásio francês...

A minha mala em cima do banco. Uma mulher do outro lado do banco esfregava o creme no corpo nu (como se uma pessoa normalmente esfregasse creme no corpo vestido!!! Mas com os franceses nunca se sabe e não vos queria deixar com dúvidas) e de costas para o banco. Inclino-me para a mala para ir buscar algo ao mesmo tempo que a dita mulher se inclina para baixo para esfregar creme nos tornozelos. 

Resultado: fiquei com uma vagina a 1 cm da minha cara!!! Horrorrrrr...

E pensei "Nem pensar! Mulheres não!"

E foi assim a minha incursão pelo mundo do lesbianismo. 

Ahhh mentes badalhocas!!! Já estavam à espera de uma história escabrosa e porcalhona não era?!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Refogados e Freud


Entre o Sol e a Terra, o Mar e a Lua o que há?
Um imenso espaço.
Vazio?
Assim o parece...

E a esta hora estão vossemecês a pensar:
“Mas o que deu a esta gaja? Uma pessoa à espera de histórias hilariantes sobre a vida da ALI e ela brinda-nos com o que quer e não quer, ou sabe lá o que quer?! E sexo?? Sexo que não é sexo mas uma espécie de poema?! Da-seee. Mas a malta quer lá saber do que ela quer e de espécies de poemas sobre sexo?! E agora a Lua e o camandro Terra, o espaço, vazio...O melhor é ela falar de sofrimento aos Sábados de manhã!”

Pois é.
Quanto ao meu post com o título “sexo”...tenho de confessar que foi uma desilusão. Eu pensava que bastava essa palavra para ter uma cambada, uns 180, logo a bisbilhotar o meu Blog. Népia. Uns míseros 29 bisbilhotaram. O que demonstra que os portugueses estão frouxos e que só pensam na crise e assaltos e afins. Que outra razão poderia haver???!!!! Não há. Claro.

Incrivelmente uma das pessoas que leu o post sobre sexo disse-me que eu tinha feito um poema. J’alucine. E eu a pensar que tinha mandado umas palavras para a folha branca mais ou menos ao acaso. Coisas que me foram saindo enquanto pensava na palavra sexo...

É

Não é de sexo, nem de posts passados que eu tinha pensado escrever.

Na verdade não sei bem em que história hei-de pegar. Na do trem de cozinha e da minha tese? Na daquela vez que fui ao médico em França? Ahhh esta também é muito boa. Na daquela vez que estava no chat e engatei...Ahhh sim também excelente. Ou daquele sonho? Qual? Aquele. Qual? Do mar e da terra e...Nãoooo esse é chato.

Mas é isso vou escrever sobre sonhos. Quem ficaria radiante e me compreenderia por certo seria o Freud.

Pois então não é que um dia sonhei, imaginem...não, não foi um sonho erótico (sim ainda tenho esperança que quem lê este Blog tenha uma mente perversa e leve logo a coisa para a cueca...mais que não seja pela capacidade que me é conhecida de ligar qualquer palavra, evento ou afim a uma cena cuecal). Mas enganam-se. O sonho que vos quero contar é puro e lindo.

Era uma vez uma noite.
Uma noite em cima do colchão e entre os lençóis.
Entre os lençóis a ALI dormia um sono mais ou menos profundo.
Mais ou menos porque a ALI nunca dormiu um sono verdadeiramente profundo.
De olhos cerrados e respiração constante, rezando para que nenhum insecto lhe entrasse pelo nariz ou pela boca aberta pelo ressonar...
Sim...a ALI ressona.
Mas continuando...
Enquanto um fio de baba corria por um canto da boca. O canto que se encontrava virado para a almofada, pois claro. Pois claro porque a ALI não dorme de barriga para cima, nem de barriga para baixo. É como os rissóis. Ora se frita de um lado, ora se frita do outro.

Assim se encontrava a ALI.

Não frita, mas virada de lado, de olhos cerrados e com respiração constante, um fio de baba a cair pelo canto da boca, num sono aparentemente pacífico. Mas o que preencheria o seu subconsciente, inconsciente? O quêeeeeee?

Um refogado de cebola.

Sim. Isso. Leram bem. Um refogado de cebola. É verdade. (não solicitei um parar de respiração porque já não há cú para isso)

Ele há lá coisa melhor para se sonhar? Não. Pois claro que não. Qual sonhos eróticos com o George Clooney ou Jude Law?! Mas alguém quer isso???? Ninguém. A ALI sonhava com um belo refogadinho de cebola. Azeitinho, cebolinha, refogadinho. Isto. Mas não só. A ALI sonhava que agarrava no refogadinho de cebola e o esfregava debaixo dos braços. Assim como se fosse um desodorizante. Espetacular!!! Tão espetacular que me sinto emocionada. À beira das lágrimas mesmo. Aposto que todo o mundo e mesmo o extraterrestre adoraria ter este sonho.

Refogado de cebola em azeite (by the way existem outros tipos de refugado?) e esfregar debaixo do braço. O pormenor do azeite é importante. Não era óleo. Azeite. Volto a dizer: Espetacular!!!!

O Freud devia ter adorado analisar este sonho. Concerteza ia ter uma ligação qualquer ao sexo. Uma possibilidade seria que eu tinha uma fantasia com bolbos...mas não me vou alongar por aqui, que a comunidade deste Blog não mostra grande interesse em sexo.

Entre o Sol e a Terra, o Mar e a Lua o que há?
Um imenso espaço.
Vazio?
Assim o parece...mas quando bem analisado de vazio não tem nada.
O ser humano é que não tem capacidade de ver o que está no espaço entre o Céu e a Terra, o Mar e a Lua. É como se fosse cego.

Assim acontece muitas vezes na nossa vida.
A vida que parece vazia.
Um vazio que esvazia.
Um espaço imenso.
Oco e assustador.
Mas apenas porque nos tornámos cegos e incapacitados para ver o que lá está.

Vemos o Sol e a Terra, o Mar e a Lua, mas não vemos o que está entre estes dois extremos.

Será que queremos ver?


terça-feira, 13 de março de 2012

Sexo

Sexo.
Essa palavra gorda e dúbia.
Causadora de tormenta e desejo.
De curiosidade e medo.
De segurança e insegurança.
De prazer e desprazer.
De loucura e de crime.
De liberdade e clausura.
De obcessões e desinteresses.

Sexo.
Tantas vezes agredida.
Indecorosa.
Indecente.
Vergonhosa.
Porca.
Imoral.
Haverá palavra que receba mais acusações de imoralismo?

Sexo.
Essencial à vida e dispensável à morte.
Feminino ou Masculino.
O dos Anjos ninguém sabe.

Sexo.
Tanta controvérsia.
Tanto poder que encerras!
Quantos governantes não dariam tudo para ter a tua força?