Estava por aqui a pensar em escrever
a bela história da minha tese de Doutoramento e do Trem de Cozinha, quando me
veio à memória uma das mais “belas” histórias da minha vida. O dia em que me
ultrapassei a mim própria.
Estávamos em Maio. Um dia que deveria
ser quente, mas era frio. Um dia que devia ser solarengo, mas chovia a cântaros
(ou como os franceses dizem “il pleut comme vaches qui pisse”, isto é, chove
como vacas a mijar. Adoro esta expressão francesa. Outra que também adoro é
“Qu'est ce qu’il me casse les couilles!”, que é o mesmo que dizer “É que ele
parte-me os colhões!” e este é desde já o maior entre parentisis que alguma vez
escrevi. Acho eu. Que não me lembro de tamanho de todos os parentisis da minha
vida. Na verdade não me lembro do tamanho de nenhum. Mas não seja por isso. Vou
começar desde já a medir.).
Na verdade não faço a mínima ideia do
mês ou do tempo que fazia no momento da história que me proponho relatar, mas
achei que ficava bem.
Assim proponho então que imaginemos
que estávamos em Maio, chovia a cântaros e estava um frio anormal para a época
(coisa comum...porque hoje em dia estamos sempre acima ou abaixo da média e é
raro fazer o tempo apropriado para o período do ano em questão). O local era o
Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), a hora era a do lanche.
Nesse dia saí do bar ao mesmo tempo
que um colega que trabalhava num laboratório no mesmo piso que eu. Não tinha
muita confiança com ele. Ele estava nesse momento a escrever a tese de Doutoramento.
Eu por simpatia quis perguntar-lhe “Como vai essa grande tese”, mas o que me
saiu foi e mais uma vez atenção, muita atenção...
Não respirem. Bom de tanto pedir ao
pessoal para não respirar corro o risco de alguém um dia morrer... não
especifico o tempo que se deve conter a respiração e assim é completamente
subjetivo...como morrer alguém a ler o meu blog representaria um evento desagradável,
que tal 15s?
Não respirem por 15s.
O que me saiu foi “Como vai essa
Tesão?”.
É verdade. Foi isto que me saiu. Nem
mais nem menos. Nem para a direita nem para a esquerda. Nem para cima nem para
baixo. Nem para a frente nem para trás. Apenas e tão somente:
“Como vai essa Tesão?”
Como vai essa tesão? Ecoou no meu
cérebro. Ou talvez tenha mesmo rebentado no meu cérebro como...uma ejaculação?
Poder-se-á assim dizer? Sim, e talvez seja mesmo o mais apropriado para a
situação. Rebentou no meu cérebro como uma ejaculação!
Não queria acreditar no que tinha
dito.
Apeteceu-me fugir. Mas fiquei
estática.
E saiu-me um tímido e suave e
fraquinho “Não era bem isto que eu queria dizer...”. Ele que ao “Como vai essa
Tesão?” me respondeu “Vai bem de vez em quando.”, ao “Não era bem isso que eu
queria dizer...” respondeu-me “Pois imagino que não!” e quando chegámos junto
aos meus colegas de laboratório disse: “Têm de levar a Anabela a passear que
ela está a precisar...”
E é isto meus senhores e minhas
senhoras...e isto são pérolas na vida de uma pessoa!
...isto era apenas o prelúdio para a
escrita de uma tese cheia de mimos para contar.
Mimos que ficam para outro dia, que
hoje já chega de falar de Teses, Tesinhas e ...
cof cof...Gostei do prelúdio, do desenvolvimento e da conclu...são! Muito do bom! Podia ter sido o início de um mútuo pós-doutorar...
ResponderEliminar:) podia podia!
Eliminar:)
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