sábado, 4 de fevereiro de 2012

Culpa I


14 Relações falhadas, que afinal são 15, dão azo a muitos comentários e críticas das pessoas com quem desabafei ao longo da vida. Uns considero mais felizes que outros.

É engraçado como das primeiras coisas que as pessoas me fazem quando lhes confidencio “um falhanço” é atribuir-me “uma culpa”. Precedida geralmente por ele é um parvalhão, não vale nada, não te merece ou mimo afim. Agora que escrevo isto apercebo-me da falta de sentido disto…portanto o gajo é um parvalhão, mas a culpa é tua.

Há uma critica que me irrita especialmente, a qual considero bastante infeliz pelo moralismo mal disfarçado e hipócrita por detrás dela, a qual é: “entregas-te demasiado rápido”.

Logo à partida é de perguntar o que significa este “entregas-te”. É um entregas-te psicológico ou físico?
Comecemos pelo psicológico: O que significa? O que se sente? Ou o que se diz?
O que se sente não se controla e portanto não tem sentido este “demasiado rápido”.
O que se diz... eu nunca disse o que digo.

Mas a parte que me apetece mais explorar é a do “entregar físico”. Ora aqui presumo que as pessoas que “não se entregam demasiado rápido” sigam uma espécie de protocolo. Tenho-me dedicado a imaginar como seria este protocolo e surgiram-me várias dúvidas/hipóteses e que as pessoas do “entregas-te demasiado rápido” me sabem por certo saber responder.

1- Qual deverá ser o tempo que deverá decorrer entre conhecer a pessoa e entregar-se a ela fisicamente vulgus ter sexo?
a. 0 h15min30s  
b. 1h15min30s
c. 1dia1h15min30s
d. 1semana1dia1h15min30s
e. 1mês1semana1dia1h15min30s
f. 1trimestre1mês1semana1dia1h15min30s
g. 1semestre1trimestre1mês1semana1dia1h15min30s
h. 1ano1semestre1trimestre1mês1semana1dia1h15min30s
i. Nunca o sexo é badalhoco e é para javardos
j. Outro, por favor especifique

Imaginemos que a resposta certa seria entre 1mês1semana1dia1h15min30s, vêm-me à cabeça cenários distintos, que me trazem ainda mais questões:
1. Cenário “conheci-o num Bar/Discoteca, através de amigos ou afim”:
- Conheci a pessoa num bar/disco, falámos de banalidades nos 2 encontros que tivemos e não sabia grande coisa da pessoa quando fomos para a cama.
- Conheci a pessoa num bar/disco, encontrámo-nos várias vezes, as conversas foram sempre banais e não sabia grande coisa da pessoa quando fomos para a cama.
- Conheci a pessoa num bar/disco, falamos 2x vezes ao telefone, a conversa tanto descontraída, como séria, como pessoal, como impessoal já conhecia bastante da pessoa quando fomos para a cama.
Estas 3 situações são iguais????

2. Cenário já era amigo:
- Era meu amigo mas apaixonei-me por ele. Devo esperar 1mês1semana1dia1h15min30s?

3. Cenário “conheci-o na net”:
Esta como é uma situação relativamente nova talvez as/os defensores de “entregas-te demasiado rápido” não tenham tido tempo para incorporá-la. A mim surge-me logo mais uma questão. Quando é que é considerado “conheci um tipo”? A primeira vez que teclo com o gajo, ou quando o conheço em pessoa?
Já ouço um coro em tom de certeza “quando conheces a pessoa!”
Então se eu teclo todos os dias com a pessoa, se partilho os bons e os maus momentos, se partilho ideias e gostos, se discuto pontos de vista políticos, sociais e científicos, se peço conselhos e vice-versa será que isto não é conhecer uma pessoa???? Ou só quando conheço o invólucro é que posso considerar que conheço a pessoa? Por outro lado já a minha avó dizia “quem vê caras não vê corações”. Será que conhecer alguém fisicamente significa alguma coisa no que respeita a conhecer realmente a pessoa?

Será que aqueles que seguem este protocolo têm relações mais duradouras e saudáveis? Há algum estudo que comprove isso?

Antigamente a maioria das pessoas só tinham sexo depois do casamento. Agora a maioria das pessoas tem antes do casamento. Antigamente as pessoas eram mais felizes? Tinham relações mais duradouras é um facto. Mas a que preço?

Sou cientista de formação e preciso de provas para ser convencida a começar a usar protocolos para me relacionar!

O que estas pessoas não sabem, porque nunca lhes disse, é que as acho umas atrofiadas da mona e que a ideia de ter um calendário para o momento apropriado para se ir para a cama/fazer sexo/fazer amor (o que quer que lhe queiram chamar) com alguém é um desvio. É contrariar a Natureza.

Não será mais saudável e natural seguir os instintos e fazer o que nos vai no corpo e na alma, do que andar com esquemas e calendários?

Eu acho que as pessoas devem fazer sexo/amor quando lhes apetece, ponto final parágrafo. Usem preservativo para não apanharem doenças. Tenham cuidado e sintam, porque sentir é das melhores coisas do mundo. O resto é uma grande treta.


(escrito a 26.09.11)

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