Nesta última semana e picos tive 4 reuniões de
redes diferentes e com grupos distintos. Tal implica várias horas de
socialização e muitos inícios de conversa incidindo em temas fáceis e comuns.
O tema que bate todos aos pontos é o Tempo. É
incrível e inacreditável a quantidade de tempo que uma pessoa consegue falar do
Tempo. Um assunto inesgotável. The best.
Se um dia falamos das diferenças do Inverno e
do isolamento das casas entre a Áustria e Portugal, no dia a seguir falamos do
Verão e do isolamento das casas entre a Áustria e Portugal. E se for possível
no mesmo dia dou comigo a responder às mesmas perguntas a um parceiro da
Islândia, Alemanha…Neste tema interessante e inesgotável um “must ask” dos
estrangeiros é: “Então como está o tempo em Lisboa” e lá vou eu responder a
isto aos franceses, aos alemães, aos austríacos, aos islandeses, finlandeses,
belgas, dinamarqueses e por aí fora eses. Ainda não contentes com o tempo este
ano, costumamos falar também em anos de Invernos difíceis e claro em anos de
Verões muito quentes e todas as problemáticas causadas por temperaturas algo
abaixo/acima da média e como isso mudou isto e aquilo. Acho isto em termos
sociológicos muito rico. Devia ser sem dúvida estudado, se é que já não foi.
Ainda hei-de fazer uma busca na Pubmed…
Hoje ao almoço e após termos falado sobre o
tempo, claro, encetámos uma conversa sobre parapente, saltos de páraquedas e
afins. Comentei que se tentasse fazer parapente, e dado que tenho vertigens, o
mais provável era ficar tipo congelada, gritar e a seguir despenhar-me. Alguma
divagação…e às tantas uma colega diz que nunca fez mas deve ser uma sensação
semelhante à de andar de montanha russa. E que ela já tinha experimentado a
gritar e sem gritar e que assegurava que gritando a sensação era muito melhor
(screaming and without scream). Esta expressão foi usada o resto do
almoço…Ainda na linha desta conversa um investigador alemão comentava que muita
gente usava desportos extremos para aumentar o perímetro da sua zona de
conformo. Claro que isto dependia das pessoas…se calhar alguns fazer uma
omeleta servia o mesmo efeito. Bla, bla, bla…sempre com a piada “vou tentar
fazê-lo screaming and without screaming”.
Almoço terminado, comento que vou fazer uma
pequena sesta, antes do inicio da próxima sessão daí a 1h. Estava morta de
sono. Esta manhã o despertador tocou e eu sentia-me pregada à cama. Pensei
“falto à primeira sessão e durmo mais um bocadinho”. Despertador para uma hora
mais tarde…mas já não consegui voltar a dormir. Levanto me e vou para o pequeno
almoço pelas 9:20h. Qual não é o meu espanto quando vejo várias pessoas da
reunião…pensei “olha também resolveram faltar à primeira sessão!”. Pego no meu
pratinho com pãozinho, manteiga e doce de cereja e sento me junto a
investigadores portugueses e digo “então também resolveram dormir mais um
bocadinho e faltar à primeira sessão?” Olham com espanto para mim e dizem me
“Não Anabela, estamos a tempo são 8:20h (a sessão começava às 9h)!” Não queria
acreditar…então não é que o F****daP*** do meu telemóvel, que também me serve
de despertador, atualiza automaticamente a hora para a hora do país? SÓ QUE em
Tenerife a hora é a mesma que em Portugal, ou seja 1h menos que em Espanha.
Odeio tecnologias inteligentes!!!!!!!!!
Anyway…não é este episódio que interessa nesta
história. Voltando à parte da pequena sesta… Após o meu comentário que queria
fazer uma pequena sesta o meu colega austríaco diz-me: “Vou aumentar o
perímetro da minha zona de conforto e vou fazer uma grande sesta”, ao que lhe
respondo “Yes! Be wild! Try it screaming and
without screaming!” Silêncio na mesa…desconforto. Para
melhorar a coisa digo. “Ups this in this context sounds strange…” Silêncio. Levantamos
nos e vamos pagar.
Para a próxima o melhor é restringirmos nos ao
tema riquíssimo que é o Tempo!
(escrito a 24.01.12)
ahahaah O Tempo é do melhor. Então no elevador, é quase um protocolo soprar de calor ou tiritar com o frio e assim, seguindo o guião seguro da previsibilidade, se preenchem os segundos até irmos à nossa vida. Hei-de experimentar começar com uma teoria metafísica depois de carregar no botão p o meu andar. Já imagino: silêncio...
ResponderEliminarisso era do melhor! Estou mortinha que faças essa experiência. Gostava era de estar com uma câmara de filmar, para poder captar as caras...temo que olhassem para ti como se fosses completamente louca e não percebessem muito. Se bem que uma pessoa se pode sempre espantar e apanhar algum iluminado.
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